Um levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) revelou que o consumo abusivo de álcool entre mulheres brasileiras cresceu de forma preocupante entre 2010 e 2020, com alta média anual de 4,25%. A pesquisa foi feita a partir de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) em 12 capitais e no Distrito Federal.
O estudo também mostra que a taxa de mortes de mulheres relacionadas ao uso excessivo de álcool aumentou 7,5% entre 2010 e 2021. No mesmo período, entre os homens, houve redução de 4,8%.
De acordo com o professor Erikson Felipe Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), fatores biológicos tornam as mulheres mais vulneráveis aos efeitos da bebida, já que seu metabolismo apresenta menor eficiência na digestão do álcool. Além disso, questões culturais e sociais também influenciam o aumento do consumo, com destaque para mudanças nos hábitos e no papel da mulher na sociedade.
A Organização Mundial da Saúde alerta que o consumo abusivo de álcool está associado a mais de 200 doenças e lesões, incluindo distúrbios mentais, doenças cardíacas, cirrose e hepatite alcoólica. O Ministério da Saúde reforça que não existe consumo totalmente seguro, embora estabeleça limites considerados de menor risco: até uma dose por dia para mulheres e até duas para homens.
Especialistas destacam ainda a importância de considerar a perspectiva de gênero no tratamento da dependência, já que barreiras sociais e preconceitos podem dificultar o acesso das mulheres aos serviços de saúde. O atendimento é oferecido em unidades como os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), além de iniciativas privadas como o Alcoólicos Anônimos.
Fonte: Blog Márcio Rangel
