MPT denuncia influenciador Hytalo Santos e marido por trabalho análogo à escravidão

A denúncia integra um procedimento trabalhista distinto da investigação criminal já existente contra o influenciador, que responde por produzir conteúdos envolvendo exploração sexual de menores.

Publicado: 12/12/2025

Foto: Reprodução



O Ministério Público do Trabalho (MPT) denunciou, nesta sexta-feira (12), o influenciador digital Hytalo Santos e o marido dele, Israel Vicente conhecido como Euro, por tráfico de pessoas para exploração sexual e submissão de adolescentes a trabalho em condições análogas à escravidão. A denúncia integra um procedimento trabalhista distinto da investigação criminal já existente contra o influenciador, que responde por produzir conteúdos envolvendo exploração sexual de menores.

Segundo o MPT, há indícios de que Hytalo Santos levava adolescentes para morar em sua residência e os submetia a um regime abusivo de controle, exploração laboral e psicológico. O órgão aponta uma série de práticas irregulares no trato com os menores, incluindo:

Isolamento familiar;

Confisco de celulares e meios de comunicação;

Cerceamento da liberdade e controle rígido da rotina;

Jornadas exaustivas de gravação, com privação de sono;

Ausência de remuneração e autonomia financeira;

Coação psicológica;

Manipulação sobre a identidade de gênero e orientação sexual dos adolescentes.

Ainda de acordo com o MPT, as vítimas eram expostas de forma sexualizada nas redes sociais, frequentavam festas e ambientes inadequados para a faixa etária e tinham suas imagens monetizadas. Também foram identificados procedimentos estéticos realizados para potencializar o apelo sexual dos conteúdos produzidos.

Consentimento é irrelevante, afirma o MPT

O órgão destacou que eventuais consentimentos dos adolescentes ou de seus responsáveis não afastam o caráter abusivo das práticas. Para o MPT, os menores não têm plena capacidade de reconhecer situações de violência, enquanto alguns pais teriam aceitado benefícios materiais do influenciador, o que comprometeria sua avaliação e proteção.

Série de medidas determinadas e pedidos de indenização

A Justiça do Trabalho expediu ofícios para garantir apoio psicológico, médico e social imediato às vítimas. Em agosto, já havia sido determinado o bloqueio de veículos, empresas, bens e valores de Hytalo Santos e do marido, em montante que pode chegar a R$ 20 milhões.

Agora, o MPT solicita:

indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 12 milhões;

indenizações individuais entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões às vítimas;

depósito dos valores de menores de idade em contas que só poderão ser movimentadas após os 18 anos.

Responsabilidade dos pais

O MPT também atribui responsabilidade aos pais e mães dos adolescentes envolvidos. Segundo o órgão, os responsáveis teriam permitido que os filhos vivessem a centenas de quilômetros de casa e se submetessem às regras impostas por Hytalo e Euro em troca de benefícios materiais como presentes e auxílio financeiro mensal.

Para o Ministério Público, os pais:

romperam os vínculos familiares e sociais dos adolescentes;

abdicaram do dever de educação e supervisão escolar;

permitiram exposição a múltiplas violências, incluindo exploração sexual e trabalho degradante.

Fonte: Paraíba.com.br



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