A CPI das Bets prendeu o empresário Daniel Pardim Tavares Lima durante depoimento nesta terça-feira (29), sob acusação do crime de falso testemunho. Segundo os senadores, Pardim negou informações consideradas verdadeiras pelos parlamentares. O pedido de prisão em flagrante foi feito pela relatora da CPI, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), e confirmado pelo presidente do colegiado, senador Dr. Hiran (PP-RR).
Segundo Soraya, Pardim mentiu ao dizer que não conhece a sócia de sua empresa, Adélia de Jesus Soares. A empresa de ambos, Peach Blossom River Technology, participa de outra companhia chamada Payflow, que atua no setor de pagamentos digitais e presta serviços às apostas on-line, segundo a relatora. A Payflow é investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal por indícios de lavagem de dinheiro e transferências ilegais.
Advogados
Soraya afirmou que, após a reunião, “os advogados se exaltaram” e que foi acusada de praticar abuso de autoridade. Ela disse que a prisão foi dentro da legalidade e garantiu que responderia a um suposto processo de abuso de autoridade “com a maior tranquilidade do mundo”.
Além de Soraya, o senador Marcos Rogério (PL-RO) criticou a atuação da equipe de defesa de Pardim. Sob condição de testemunha, ele tinha o direito de se calar diante de perguntas que o incriminassem. No entanto, para Marcos Rogério, os advogados “buzinavam na orelha” do depoente e se manifestaram indevidamente diretamente aos senadores.
A relatora ainda afirmou suspeitar que Pardim não tem condições de pagar os advogados, que seriam remunerados por outras pessoas. Em um primeiro momento, o depoente disse aos senadores que não responderia sobre quem pagou pela defesa. Em outra pergunta, afirmou que os serviços eram prestados “pro bono”, ou seja, sem retribuição.
À CPI, Pardim afirmou que trabalha no ramo gastronômico e que “estava com planos de abrir um delivery”, empreendimento de entrega de alimentos.
‘Laranja’
Os senadores Izalci Lucas (PL-DF) e Damares Alves (Republicanos-DF) afirmaram que Pardim poderia ser um “laranja” — termo usado para designar quem empresta o nome para a abertura de uma empresa, sem de fato administrá-la.
Izalci afirmou que o depoente consta como sócio de outras empresas, inclusive fora do Brasil. Segundo o senador, empresas de apostas esportivas e apostas on-line costumam abrir instituições de pagamento para movimentar seus recursos.
Motivação da CPI
A CPI das Bets, iniciada em novembro de 2024, investiga a possível associação do setor de apostas com organizações criminosas e práticas ilícitas. Segundo Dr. Hiran, a CPI das Bets também apresentará, ao final de seus trabalhos, propostas legislativas para melhorar o setor e proteger a população brasileira de seus potenciais malefícios.
Fonte: Portal Correio