O cantor Gilberto Gil notificou extrajudicialmente, nessa nesta quinta-feira (14), a Diocese de Campina Grande e o padre Danilo César, da Paróquia de Areial, por comentários feitos sobre a morte de Preta Gil e falas sobre as religiões de matriz africana, interpretadas como preconceituosas.
Durante a homilia, o religioso questionou o porquê de os orixás não terem ressuscitado a cantora Preta Gil.
O caso gerou grande repercussão nacional, indignação de entidades religiosas e abertura de inquérito policial. O sacerdote é investigado por intolerância religiosa.
A notificação foi confirmada pela equipe de Gil. O cantor exige uma retratação pública e formal por meio do canal da paróquia, onde a missa foi transmitida, ressaltando que passados mais de 15 dias do fato, não houve manifestação pública ou qualquer comunicado feito à família com intuito de retratação das graves ofensas. Também é pedida a apuração e responsabilização eclesiástica do sacerdote, com adoção de medidas disciplinares no prazo de dez dias úteis.
A Diocese de Campina Grande disse que o sacerdote irá prestar todos os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes. O padre Danilo César não foi localizado para comentar a notificação.
“Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o que faz, ele sabe o que é melhor para você, que a morte é melhor para você. Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, disse o padre durante a homilia.
A notificação de Gilberto Gil afirma que, ao falar sobre as relações entre fé e sofrimento, Danilo César desqualificou religiões de matriz africana, chamando-as de “forças ocultas” e expressando desejo de que “o diabo levasse” seus praticantes.
O texto ainda destaca o “enorme desrespeito” ao momento de luto vivido pela família, bem como à memória e honra de Preta. A notificação diz que a conduta configura violação à liberdade religiosa, crime previsto no Código Penal com pena de dois a cinco anos e que a gravidade do caso aumenta pelo fato de a fala ter sido proferida durante a função sacerdotal, podendo incentivar fiéis à intolerância.
Com informações do G1