Lula omitiu de lista de presentes oficiais relógio suíço avaliado em R$ 80 mil

Lula alegou na live que tinha perdido o relógio e o reencontrado apenas recentemente.

Publicado: 23/08/2023

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula (PT) omitiu da lista de presentes oficiais da Presidência de seu primeiro mandato um relógio suíço de R$ 80 mil. A informação foi repercutida nessa terça-feira (22), pelo site O Antagonista.

De acordo com a publicação, o relógio, da marca Piaget, foi um presente do então presidente da França, Jacques Chirac, em 2005. O objeto fora motivo de críticas durante campanha de 2022.

O então candidato petista tinha sido fotografado com o relógio no pulso durante evento do centenário do PCdoB no Rio de Janeiro, no final de março do ano passado. À época, Lula foi criticado por suposto exibicionismo.

Lula assumiu na época que se tratava de um presente da época da Presidência, mas não tinha detalhado a origem. “No dia que ganhei, escolhi o que mais gostei. Mas o relógio estava parado, levei numa loja e disseram que para consertar seriam R$ 2.500. Não paguei, achei caro. Depois, deram corda nele e voltou a funcionar”, disse o petista na ocasião.

Mais recentemente, em live semanal em julho deste ano, o já presidente afirmou que o relógio em questão fora presente de Chirac pela celebração do Ano do Brasil na França.

Apesar dessa revelação, o relógio Piaget não estava na relação de 568 itens apresentada por Lula quando ele foi alvo de processo no Tribunal de Contas da União (TCU) em 2016 pela posse irregular de presentes oficiais da Presidência.

Lula alegou na live que tinha perdido o relógio e o reencontrado apenas recentemente. Entretanto, na lista enviada ao TCU, ele citou apenas oito presentes como perdidos, nenhum deles o relógio Piaget.

O petista pagou apenas R$ 11 mil em compensação pelos presentes listados como perdidos.

Independentemente das controvérsias sobre o caráter personalíssimo, e a aquisição ao acervo pessoal, a não declaração do presente oficial já configura irregularidade.

Guardadas as devidas proporções, cenário semelhante aconteceu no caso das joias sauditas, envolvendo Jair Bolsonaro.

Em outubro de 2021, comitiva do Ministério de Minas e Energia que voltava da Arábia Saudita entrou no Brasil com ao menos três pacotes de joias.

Liderada pelo então ministro Bento Albuquerque, a comitiva não declarou nenhum dos pacotes na alfândega do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Bens pessoais acima de US$ 1.000 são taxados e precisam ser declarados. Segundo o senador Flávio Bolsonaro (PL), esse era o caso de ambas as joias.

Se forem presentes ao Estado, no caso à Presidência da República, seriam isentos de impostos, mas mesmo assim precisavam ser declarados — o que não aconteceu, como mostra a filmagem da apreensão do primeiro pacote, avaliado em R$ 16 milhões e que seria presente do regime saudita a Michelle Bolsonaro.

O Antagonista

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