O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enviou nesta sexta-feira (15) quatro pedidos de cassação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao Conselho de Ética da Casa.
As queixas apresentadas contra o parlamentar estavam travadas na Mesa Diretora da Câmara e aguardavam, há semanas, despacho de Motta.
Na manhã desta sexta, após cobranças de partidos da base governista, o presidente da Casa oficializou o envio das representações ao órgão.
As denúncias foram apresentadas pelo PT (3) e pelo PSOL (1). Os documentos pedem a cassação do parlamentar por quebra de decoro por supostamente atuar contra o Brasil e a favor de sanções a autoridades brasileiras.
O envio das queixas ao Conselho de Ética marca o início da análise de processos disciplinares contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Pelas regras da Câmara, após o recebimento da representação, o conselho se reúne para instaurar formalmente o processo — a abertura é obrigatória.
Nesta ocasião, também deverão ser sorteados três nomes para a escolha de um relator do caso. Caberá ao presidente do colegiado definir um dos nomes sorteados para a relatoria. É esse relator que apresenta parecer que diz se o processo pode seguir ou se deve ser arquivado.
No rito regimental, o deputado denunciado também é notificado para apresentar uma defesa inicial.
O presidente do Conselho de Ética, deputado Fábio Schiochet (União-SC), afirmou que ainda não definiu quando ocorrerá a instauração dos processos.
“As representações acabaram de chegar. Vou analisar caso por caso antes de falar em prazos”, disse.
Schiochet avaliou, no entanto, que a abertura das investigações não deve ocorrer na próxima semana. “Acabou de chegar. Ao total são 20 representações [contra Eduardo e outros deputados]. Não vai dar tempo”, afirmou.
A assessoria da Câmara informou que, sobre o bloqueio do salário de Eduardo Bolsonaro, a ordem judicial foi recebida em 24 de julho. E que, a partir dessa data, os valores serão retidos.
Eduardo Bolsonaro tem se reunido com representantes do governo americano e é apontado como um dos pilares da decisão do presidente americano, Donald Trump, de sobretaxar exportações brasileiras aos EUA.
Morando nos Estados Unidos, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro não tem previsão de retorno ao Brasil. Ele é investigado pelo STF por tentar influenciar processos contra o pai por meio das sanções econômicas de Trump ao Brasil.
Nas últimas semanas, Eduardo tem repetido que Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), estão na mira de novas punições do governo americano a autoridades brasileiras.
O deputado tem afirmado que apenas recuará com o avanço da anistia às condenações dos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
“Eles [Motta e Alcolumbre] já estão no radar, e as autoridades americanas têm uma clara visão do que está acontecendo no Brasil e sabem que, por exemplo, o processo de anistia depende de ser iniciado pela mesa do presidente Hugo Motta”, afirmou o deputado em entrevista à BBC News.
Por G1