Pais de crianças e adolescentes que participam de vídeos de Hytalo Santos também são investigados, diz MP

Conselho Tutelar de Cajazeiras diz que "pais autorizaram" a exposição, mas MP reforça que eles podem ser responabilizados.

Publicado: 11/08/2025

FOTO: REPRODUÇÃO



O Ministério Público da Paraíba (MP-PB) passou a investigar também os pais de crianças e adolescentes que aparecem em vídeos publicados pelo influenciador paraibano Hytalo Santos. Segundo a promotoria, os responsáveis podem ter se omitido na proteção dos filhos, o que, caso as denúncias sejam confirmadas, pode configurar responsabilidade pela exposição indevida e pelos danos causados aos menores.

Desde a última sexta-feira (8), a conta do influencer Hytalo Santos no Instagram está fora do ar, após o youtuber e humorista Felca ter denunciado, em um vídeo, suposta exploração de menores de idade feita pelo paraibano nos conteúdos digitais. A mãe da influenciadora mirim Kamylinha, que também teve o perfil derrubado, repercutiu nas redes sociais ao publicar uma mensagem defendendo o influenciador digital.

 Segundo o Ministério Público, caso as denúncias contra Hytalo e os familiares das crianças e adolescentes expostos sejam confirmadas, os investigados poderão responder por crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – leia abaixo. A especialista em direito digital, Juliana Nóbrega, explicou que os envolvidos poderão responder ainda por crimes previstos no Código Penal, como:

  • estupro de vulnerável
  • corrupção de menores
  • satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente
  • favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente

O que diz o Conselho Tutelar

O Conselho Tutelar de Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, afirma que enfrenta dificuldades para atuar no caso. De acordo com a conselheira Socorro Pires, a mãe de Kamyla — uma das adolescentes envolvidas — nunca se posicionou contra a participação da filha nos vídeos, ao contrário do pai e da família paterna. Ela também aponta que o influenciador conta com apoio jurídico, o que, segundo ela, limita a atuação do Conselho.

“Não tem como a gente fazer alguma coisa. A gente já notificou ele [Hytalo] no passado, agora não. Os pais todos autorizam, segundo informações que a gente tem. Os pais desses adolescentes todos autorizam esses jovens a ficar na casa dele”, explicou a conselheira Socorro Pires.

No âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), se comprovadas ilegalidades, o influenciador e os responsáveis pelos menores poderão responder pelos crimes de:

  • produção de pornografia infantil
  • oferta, troca, disponibilização, transmissão, publicação ou divulgação de pornografia infantil
  • posse de pornografia infantil
  • simulação de conteúdo sexual envolvendo menor
  • aliciamento, assédio, instigação ou constrangimento de criança

Se comprovada a omissão na proteção dos filhos, pode haver responsabilização por maus-tratos. O que deverá ser analisado é se os menores foram submetidos a situação vexatória ou prejudicial à sua saúde física ou psicológica, entrega irregular de filho a terceiroS, e descumprimento de dever de proteção.

“No direito brasileiro, o consentimento dos pais não afasta a ilicitude de condutas que configurem crimes contra crianças e adolescentes, especialmente em casos de exploração sexual, pornografia infantil ou exposição indevida. O que as autoridades vão apurar é se houve participação ou conivência, e isso envolve analisar o grau de compreensão desses pais sobre a gravidade da situação, considerando aspectos como escolaridade, vulnerabilidade socioeconômica e contexto cultural”, explicou a especialista em direito digital

De acordo com Juliana Nóbrega, todos os crimes possuem previsão de pena de reclusão que variam de um a 15 anos, individualmente considerados. Se condenados, a Justiça responsável fará a contagem dos prazos das penas impostas e pode chegar a mais de 20 anos de reclusão. O maior tempo de reclusão é estupro de vulnerável, que pode chegar até 15 anos.

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