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Em apenas seis dias, Ceará já registrou 137 ataques que atingiram 37 cidades

Publicado: 07/01/2019

Desde a noite de quarta-feira (2), foram confirmados 153 ataques no Ceará. A onda começou em Fortaleza, foi para a Região Metropolitana e também se espalhou pelo interior do estado.

Já são 37 cidades com registros de ações criminosas: Fortaleza, Tianguá, Pacatuba, Horizonte, Maracanaú, Caucaia, Pindoretama, Eusébio, Morada Nova, Marco, Jaguaruana, Canindé, Piquet Carneiro, Morrinhos, Aracoiaba, Limoeiro do Norte, São Gonçalo do Amarante, Baturité, Juazeiro do Norte, Guaiúba, Acaraú, Massapê, Pacajus, Ibaretama, Icapuí, Pacoti, Sobral, Jijoca de Jericoacoara, Quixadá, Tabuleiro do Norte, Varjota, Barroquinha, Icó, Chorozinho, Reriutaba, Crateús e Iguatu.

Há vítimas?

Dois suspeitos foram mortos durante uma troca de tiros com a polícia ao tentar incendiar um posto do Detran em Fortaleza, na madrugada de domingo (6). Um policial militar também foi atingido no braço no confronto.

Outras quatro pessoas ficaram levemente feridas em ataques incendiários. Um casal de idosos e um motorista sofreram queimaduras em um ataque em Fortaleza, e um motorista ficou ferido em Sobral.

O que motivou os ataques?

O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, afirmou que a nomeação do novo secretário de Administração Penitenciária do estado, Luís Mauro Albuquerque, provocou a onda de ataque. Segundo André Costa “a criminalidade já conhecia o trabalho” do novo gestor da pasta que administra os presídios do Ceará.

“Só a indicação dele já causou essa reação dos criminosos. O Governo do Estado do Ceará já conhecia o trabalho do secretário no Rio Grande do Norte. Obviamente também a criminalidade já conhecia já que é um estado vizinho e próximo”, afirmou André Costa.

Em pixações em prédios públicos de Fortaleza, criminosos escreveram que “não vão parar até o secretário sair”. “Fora Mauro Albuquerque”, diz a mensagem.

Atualmente, os membros de facção presos no Ceará são organizados nas unidades prisionais conforme o grupo criminoso a que pertencem. O secretário Mauro Albuquerque afirmou que pretende acabar com essa divisão.

De acordo com uma fonte do Serviço de Inteligência da Secretaria da Segurança ouvida pelo G1, membros de duas facções rivais fizeram um “pacto de união”, com o objetivo de “concentrar as forças contra o Estado”.

A ordem dos ataques partiu de um detento da Unidade Prisional Agente Luciano Andrade Lima (antiga CPPL I), na tarde de quarta-feira, segundo a fonte do Serviço de Inteligência. No dia seguinte, agentes penitenciários fizeram uma vistoria “surpresa” na unidade, o que resultou em um motim dos presidiários. A revolta foi controlada no mesmo dia e nenhum detento fugiu.

Alguém já foi preso?

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Ceará, 148 suspeitos de participação nos ataques foram detidos. Dois suspeitos morreram em troca de tiros com policiais. Pelo menos 60 envolvidos foram capturados após a chegada da Força Nacional no estado neste sábado (5). Dentre os presos, está um motorista suspeito de vender combustível ilegalmente para criminosos.

Além das prisões, o Governo do Ceará informou que irá transferir presos que integram facções criminosas para presídios federais. O Governo Federal ofereceu 60 vagas em presídios que administra, para receber esses detentos, segundo informou o Governo Estadual.

Qual foi a reação do governo estadual?

Como resposta à onda de ataques, o governador do Ceará, Camilo Santana, adotou as seguintes medidas:

  • Pediu apoio da Força Nacional, Exército e Força de Intervenção Integrada
  • Um acordo com o governador da Bahia, Rui Costa, permitiu o deslocamento de 100 policiais militares baianos para o Ceará
  • Antecipou para agora a nomeação de uma turma de 220 novos agentes penitenciários, antes prevista para março
  • Nomeou 373 novos policiais militares, já formados
  • Uma vistoria em presídio apreendeu 407 celulares utilizados por detentos
  • Tranferiu chefe de uma facção criminosa para presídio federal

As Forças Armadas foram enviadas para o Ceará?

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, autorizou na sexta-feira o envio de agentes da Força Nacional para o Ceará, onde devem atuar por um período de 30 dias. Os policiais chegaram ao estado na noite de sexta-feira (4) e começaram a atuar na noite de sábado.

Na quinta-feira (3), Moro havia dito que o envio só seria feito em caso de “deterioração” da segurança no Estado.

Os agentes começaram a atuar nas ruas na noite de sábado (5). Após o início da operação com o reforço policial, a capital cearense registrou uma redução no número de crimes.

Na segunda-feira (7), o Governo do Ceará anunciou que mais 200 agentes da Força Nacional seriam deslocados para o estado.

Qual a atuação da Força Nacional no Ceará?

  • Os agentes vão atuar principalmente em Fortaleza e Região Metropolitana, que concentram cerca 80% dos ataques
  • A tropa vai atuar principalmente em blitze, já que a maior parte dos crimes é cometida por homens que usam carros para ir até os locais dos crimes e em seguida para fugir
  • Em caso de “situação extraordinária”, a Força Nacional poderá atuar nos presídios, conforme o secretário da Segurança do Ceará, André Costa.

Quais as consequências dos ataques para a população?

  • A frota de ônibus disponível em Fortaleza e Região Metropolitana foi reduzida. Segundo o Sindiônibus, 108 coletivos estão em operação em 77 linhas neste domingo (6). Por medida de segurança, três policiais militares foram colocados em cada veículo para evitar novos ataques.
  • Um viaduto na BR-020, em Caucaia, teve a estrutura comprometida após uma das colunas ser danificada por uma bomba. O local está isolado e obras de reparo foram concluídas na sexta-feira (4).
  • Lojas da Enel, distribuidora de energia no Ceará, foram fechadas na sexta-feira (4).
  • Coleta de lixo foi suspensa em alguns bairros da periferia de Fortaleza, segundo a população. Caminhões coletores de resíduos foram incendiados nos ataques.
  • Criminosos explodiram uma base de telefonia na cidade de Limoeiro do Norte. Devido ao ataque, o município e outras 11 cidades da região ficaram sem telefonia móvel.

g1

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