Um áudio que registrou uma conversa entre funcionários da Voepass aponta que os fatores que causaram a queda do avião da companhia poderiam ter sido evitados.
Em conversa gravada em setembro de 2024, os dois trabalhadores falam sobre o acidente com o voo 2283. Em determinado momento, um deles relata que não registrou as falhas do avião que caiu por “pressão” dos chefes. “Tô com um remorso desgraçado. Não tô conseguindo nem dormir. Errei, errei de não ter mandado por escrito”, diz o funcionário em conversa com um colega.
O principal motivo do seu arrependimento foi não ter documentado formalmente uma situação anterior que “afeta a estabilidade da aeronave”. Ele lamentou não ter enviado relatórios “por escrito”, não ter exigido respostas claras e não ter feito um relatório físico da ocorrência.
A queda da aeronave, ocorrida em 9 de agosto de 2024, marcou o primeiro acidente da aviação comercial regular brasileira desde 2007, vitimando 62 pessoas (58 passageiros e 4 tripulantes) a bordo do ATR 72-500, prefixo PS-VPB.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), inclusive, suspendeu as operações da Voepass em 11 de março de 2025, devido a “violações nas condições de segurança”. Este depoimento, que a reportagem da CNN teve acesso, oferece uma perspectiva interna sobre os desafios enfrentados por profissionais da aviação e a relevância da comunicação clara e documentada para a segurança operacional.
Cronologia do acidente da Voepass
O acidente do voo 2283 da Voepass ocorreu em 9 de agosto de 2024, quando uma aeronave ATR 72-500, prefixo PS-VPB, caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo. O voo, que partiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP), transportava 62 pessoas, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes, e não houve sobreviventes.
Este evento marcou o primeiro acidente na aviação comercial regular brasileira desde 2007 e o maior em território nacional desde então, quando um avião da TAM caiu em Congonhas.
Dois minutos antes da decolagem, o copiloto Humberto Alencar enviou uma mensagem à esposa expressando preocupações com a “confusão danada” e voos “raramente redondinhos”, mas otimista de que “chegaremos bem”.
As investigações do acidente tiveram início no mesmo dia, com a notificação do CENIPA e a localização das duas caixas-pretas. A apuração se concentra em dados de voz e instrumentos, histórico de manutenção e condições técnicas, além de aspectos climáticos e operacionais.
Um ponto notado é que o sistema de ar-condicionado e pressurização (pack do motor esquerdo) estava inoperante, o que, embora não impeça o voo, pode ter tido impacto indireto na operação.
Fonte: CNN Brasil