As representantes do Pólo da Borborema, Roselita Vitor e Marizeuda Salviano, em entrevista ao Programa Se Liga PB, na manhã desta quarta-feira (09), falaram dos prejuízos causados aos agricultores com a instalação de parques eólicos. Roselita e Marizeuda fazem parte da coordenação política do Pólo da Borborema, e da coordenação da Marcha pela vida das Mulheres e da Agroecologia.
“Temos hoje nessa região uma abordagem muito grande dessas empresas de energia. Acompanhamos de perto experiências que acontecem no Rio Grande do Norte, Pernambuco e na Bahia, e estudos comprovam os impactos dessa forma de produção. Não somos contra as energias renováveis, mas a esse modelo que está sendo injusto com as famílias agricultoras”, ressaltou.
Roselita explicou que muitos são os prejuízos causados pelos parques eólicos aos agricultores, e que é necessário a construção de uma consciência coletiva a respeito do tema, que gera muitos questionamentos e consequências não tão positivas para o homem do campo. Ela pontuou a importância do debate sobre as mudanças climáticas e energias renováveis, porém com um olhar que não enxergue apenas as questões econômicas, mas também os impactos na vida das pessoas e do meio ambiente, para que não haja prejuízos.
“Estamos construindo uma grande resistência com relação as energias eólicas aqui no território. A nossa grande luta é de como trazer o debate das mudanças climáticas a partir da produção de energias renováveis, que não afetem as comunidades rurais”, frisou.
Segundo Roselita, é grande a luta em prol da região da Borborema, que compreende 13 munícios, e muitos são os desafios na construção do projeto da Agroecologia e da Agricultura familiar, além de também ser pautada a luta da mulher camponesa e sua representatividade na política e espaços públicos de discussões.
Marizeuda, que também é vice-presidente do Sindicato Rural de Esperança, elencou alguns prejuízos que afetam os agricultores, a partir da instalação das torres eólicas, e citou problemas de saúde por conta do barulho das torres, prejuízos na colheita, na reprodução dos animais, diminuindo a produção, além da perca de direitos, caso o agricultor assine contrato com as empresas, que segundo ela, oferecem valores muito irrisórios por um contrato de cerca de 40 anos.
De acordo com a sindicalista, o agricultor que assina contrato com essas empresas ainda perde o direito à aposentadoria, Garantia-Safra, dentre outros benefícios que são destinados ao homem do campo.
“Queremos que os agricultores saibam dos pontos negativos, porque são o que tem acontecido”, alertou.
Quanto aos impactos ambientais, ainda de acordo com as sindicalistas, a energia eólica não é totalmente limpa como se fala, já que acontece desmatamentos para a implantação dos grandes parques, além da água que também é usada em grandes quantidades, impactando negativamente na estrutura da comunidade e do Semiárido.
Redação