Vereador interrompe atendimento médico em UBS, e paciente morre após invasão no interior de MG

A sala vermelha da UBS é destinada a casos de urgência e emergência.

Publicado: 05/02/2025

FOTO: REPRODUÇÃO

Um caso ocorrido em Felício dos Santos, município de 5.133 habitantes no interior de Minas Gerais, gerou grande repercussão nas redes sociais. O vereador Wladimir Canuto (Avante) invadiu a sala vermelha da Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade, alegando fiscalização, e interrompeu o atendimento de um paciente idoso de 93 anos em estado grave, que acabou falecendo. O incidente provocou indignação e críticas à conduta do parlamentar.

A sala vermelha da UBS é destinada a casos de urgência e emergência. No momento da invasão, a equipe médica atendia o paciente, que apresentava arritmia cardíaca instável, evoluindo para parada cardíaca. A presença do vereador, segundo relatos, causou desestabilização na equipe, levando o paciente a uma segunda parada cardíaca, resultando em óbito. Uma médica presente no local afirmou, em publicação no X (antigo Twitter), que Canuto entrou na sala “gritando”, atrapalhando o procedimento.

Deborah Moura, enfermeira e coordenadora da UBS, explicou que a unidade funciona como um pronto-atendimento, já que a cidade não possui hospital ou pronto-socorro. A sala vermelha é utilizada para estabilizar pacientes graves antes de encaminhá-los a Diamantina, cidade referência localizada a 70 quilômetros. Moura também relatou que o vereador agrediu verbalmente a equipe e fisicamente uma técnica de enfermagem.

Em nota publicada nas redes sociais, Wladimir Canuto defendeu sua ação, afirmando que entrou na UBS para fiscalizar o atendimento. Ele alegou que havia uma fila de pacientes sem assistência e que, ao questionar uma atendente, foi informado sobre a presença de dois médicos em uma emergência. O vereador justificou sua entrada na sala vermelha como parte de suas atribuições fiscais e negou ter invadido o local, mas admitiu ter proferido xingamentos e ofensas para “se defender de calúnias”.

A médica Larissa Vieira, que estava na sala vermelha durante o ocorrido, manifestou indignação em um comentário na publicação do vereador. Ela destacou a gravidade da situação, afirmando que o procedimento exigia total atenção e que a invasão comprometeu o atendimento. Vieira também questionou a conduta de Canuto, afirmando que a justiça divina não falha, mesmo que a justiça humana não possa comprovar os fatos.

De acordo com Deborah Moura, a UBS não possui câmeras de segurança ou seguranças no local, o que dificulta a comprovação dos fatos. A Polícia Civil instaurou um Inquérito Policial para apurar as circunstâncias do caso.

O delegado Juliano Alencar, responsável pela investigação, afirmou que o caso está sendo tratado inicialmente como homicídio doloso, na modalidade eventual, devido ao comportamento do autor ao interromper o atendimento da vítima e aumentar o risco de morte, o que acabou ocorrendo. Segundo relatos, o vereador teria agido de forma agressiva, gritando com os funcionários e demonstrando extrema arrogância. Ele chegou a agredir uma técnica de enfermagem, causando desestabilização na equipe. Além disso, teria declarado que “não tinha nada a ver com a vítima em óbito ou com os familiares, e que sua responsabilidade era apenas com os eleitores”.

Confira comentário da médica na publicação de esclarecimento do vereador:

Confira nota de repúdio emitida pela prefeitura:

 

Veja vídeo: https://www.instagram.com/reel/DFs-XC2vUKs/?igsh=MTJwZzBsb21ndnVvdA==

Redação

 

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