Durante a 5ª plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão), realizada nesta terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronunciou sobre as recentes sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos ao Brasil. Em meio à escalada de tensões comerciais com o país norte-americano, Lula reforçou a defesa da soberania brasileira e criticou as sobretaxas aplicadas por Donald Trump, além de ironizar a proposta de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao abordar as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, Lula ressaltou que pretende convidar Trump para a COP30, que ocorrerá em Belém, no Pará. “Eu não vou ligar para o Trump para comercializar, não, porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para a COP, porque quero saber o que ele pensa da questão climática”, afirmou. Segundo Lula, o gesto será estendido a outros líderes internacionais, exceto Vladimir Putin, “porque o Putin não está podendo viajar”.
O presidente também declarou que o governo tomará medidas para mitigar os impactos das tarifas e proteger empresas e trabalhadores brasileiros, inclusive com possível ação na Organização Mundial do Comércio (OMC). “Vamos recorrer a todas as medidas cabíveis, a começar pela OMC, para defender os nossos interesses”, disse.
Na mesma ocasião, Lula criticou a motivação das sanções. “O pretexto da taxação não é nem política. É eleitoral. Nós brasileiros estamos à prova”, argumentou. Ele denunciou que a ofensiva dos EUA contou com o apoio de brasileiros no exterior, a quem chamou de “verdadeiros traidores da pátria”.
Entre os pontos que geraram atrito, o sistema PIX, desenvolvido pelo Banco Central, foi citado como alvo de investigação por parte do governo americano. Lula respondeu de forma enfática: “O PIX é patrimônio nacional e referência internacional de infraestrutura pública digital. E aqui, eu gostaria que o presidente Trump fizesse uma experiência com o PIX nos Estados Unidos”. Em tom bem-humorado, sugeriu que Trump fizesse um pagamento via PIX para ver sua eficiência.
Sobre a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, Lula declarou: “Nossa democracia está sendo questionada, nossa soberania está sendo atacada, nossa economia está sendo agredida”.
Ele também fez críticas à percepção de que o Brasil aceita subordinação a potências estrangeiras. “Defender o Brasil de hoje ficou muito mais complicado, porque tem gente que acha que a gente é vira-lata, tem gente que não gosta de se respeitar”, lamentou.
Ao comentar o próprio salário e a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, Lula utilizou o humor para criticar as desigualdades: “Meu salário não é muito não, tá? Salário de presidente é R$ 46 mil, paga 27% de IR, o PT me cobra R$ 4 mil na fonte, me sobram R$ 21 mil. Não é fácil a vida. Ninguém me dá aumento. Eu tenho que pedir para mim mesmo. Eu levanto todo dia, me olho no espelho e falo: ‘Oh Lula, eu quero aumento’. E eu falo: ‘Você não vai ter'”.
Ao longo do encontro, Lula reiterou que não comentaria diretamente a prisão domiciliar de Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. No entanto, em referência ao caso, declarou: “Também não quero falar do que aconteceu hoje com o outro cidadão brasileiro que tentou dar um golpe”.
Ele encerrou reafirmando que o governo está comprometido com a proteção da economia nacional e com o respeito às leis brasileiras, inclusive por empresas estrangeiras: “No Brasil, liberdade de expressão não é carta-branca para a criminalidade”.
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Por Redação