O dono do Telegram, Pavel Durov, disse nesta segunda-feira (23) que a empresa passará a informar às autoridades competentes os endereços de IP e números de telefone dos usuários que violarem as regras da plataforma.
Segundo Durov, a medida tem o objetivo de “desencorajar os criminosos”. “Não permitiremos que pessoas mal-intencionadas comprometam a integridade da nossa plataforma para quase um bilhão de usuários”, diz o comunicado.
As mudanças ocorrem após a prisão de Durov, na França, no fim de agosto. Ele é acusado de permitir que o aplicativo de mensagens fosse usado para atividades criminosas, como disseminação de pornografia infantil e tráfico de drogas.
De acordo com o CEO, uma equipe de moderadores está utilizando inteligência artificial para tornar as buscas no Telegram mais seguras. Todo conteúdo problemático identificado será removido da pesquisa e não ficará mais acessível. Ele também anunciou a criação de um canal no aplicativo para denúncias de conteúdos inseguros ou ilegais.
Ao prender Durov, no aeroporto de Bourget, nos arredores de Paris, as autoridades francesas alegam que o Telegram se recusa a cooperar com investigações sobre diversos crimes cometidos por meio do aplicativo. Isso resultou no indiciamento de Durov como cúmplice em 12 crimes, incluindo terrorismo, tráfico de drogas e pornografia infantil. A empresa nega as acusações.
Durov foi solto no final de agosto, mas está sob supervisão policial, “proibido de deixar o território francês”. O bilionário pagou uma fiança equivalente a R$ 30 milhões e precisa comparecer a uma delegacia duas vezes por semana, enquanto o julgamento não for concluído.
Pavel Durov, de 39 anos, nasceu na Rússia, mas é também cidadão francês, dos Emirados Árabes Unidos, onde reside, e de São Cristóvão e Nevis. Sua fortuna é estimada em US$ 15,5 bilhões (R$ 85,6 bilhões na cotação atual).
Inquérito no Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou em maio de 2023 a abertura de um inquérito sobre a participação de dirigentes do Google e do Telegram no Brasil na campanha de desinformação contra o projeto de lei das Fake News.
O ministro acatou um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O movimento ocorreu depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), encaminhou uma notícia-crime contra os responsáveis pelos provedores que participaram ativamente das ações contrárias ao projeto de lei das Fake News.
Naquele mês, Moraes determinou ao Telegram que apagasse a mensagem enviada aos usuários no dia anterior com críticas ao PL das Fake News no prazo de uma hora. Caso a decisão fosse descumprida, ele decretou ainda que haveria suspensão do aplicativo em todo o território nacional por 72 horas, além de multa de R$ 500 mil por hora. O aplicativo cumpriu a ordem.
Ainda em maio do ano passado, Moraes determinou que o Telegram indicasse à Justiça uma representação oficial no Brasil (pessoa física ou jurídica), sob pena de suspensão do funcionamento dos serviços no país.
O aplicativo Telegram atendeu a determinação do ministro e indicou quatro novos representantes da empresa no Brasil. A indicação veio horas depois da decisão de Moraes.
Por R7